A 4ª REVOLUÇÃO E SEU IMPACTO GLOBAL

Impressora 3D farão as peças que os torneiros mecânicos fazem, cidades inteligentes serão projetadas para reduzir os cargos públicos e a prestação de serviços ao povo. Carros compartilhados já dispensam taxistas e em pouco tempo motoristas não serão mais necessários, sistemas de inteligência artificial irão montar um processo e até dar a entrada em câmaras de justiça com muita rapidez e eficiência logo advogados humanos não serão mais necessários. Acredite isso não é roteiro de filme de ficção científica.

Apesar de ser um assunto muito recorrente em países desenvolvidos, a Quarta Revolução que inclui o mundo digital o mundo da automação e dos sistemas inteligentes tem ganhado um espaço tímido no meio acadêmico e empresarial brasileiro, ou seja, o Brasil larga atrasado e a passos lentos em direção a indústria o comércio e a economia 4.0. Enquanto nossos líderes políticos se digladiam defendendo suas “tetas de mamatas” no governo, o mundo corre em uma velocidade espantosa para se adaptar as mudanças que gerarão muitíssimos problemas.

Em muitos países do mundo e em fóruns mundiais, a discussão já é sobre como minimizar os impactos desta transição, uma vez que há consenso de que estamos num caminho sem volta. Apesar de a produção científica sobre o assunto ser quase que na sua totalidade especulativa, há muitas obras interessantes sobre o assunto e uma delas é a “A quarta revolução industrial” de Klaus Schwab publicada em 2016.

O autor menciona que os robôs e os algoritmos cada vez mais substituem o trabalho pelo capital, mas o capital para investir torna-se cada vez menor. Os mercados de trabalho, entretanto, estão ficando enviesados para um conjunto limitado de competências técnicas, e as plataformas digitais e mercados mundialmente conectados têm concedido recompensas descomunais para um pequeno número de estrelas.

As pessoas com espírito empreendedor, confesso que também me incluo em tal classificação, por vezes minimizam a desigualdade. Mesmo em países desenvolvidos, é notório a busca por deter o aumento desta disparidade que será cruel e aparentemente “injusta socialmente”.

Schwab (2016) afirma que de acordo com relatório de 2015 sobre a Riqueza Mundial do Credit Suisse, metade de todos os ativos do mundo é hoje controlada por 1% da população mundial enquanto que a metade mais pobre da população mundial possui em conjunto menos de 1% da riqueza global. Resumindo 99% de tudo é de 1% das pessoas, e 99% das pessoas ficam com 1%.

A crescente desigualdade é mais do que um fenômeno econômico preocupante pois ela consiste em um grande desafio para as sociedades. Schwab (2016) prossegue seu raciocínio citando o trabalho realizado pelos epidemiologistas britânicos Richard Wilkinson e Kate Pickett que apresentaram dados indicando que sociedades desiguais tendem a ser mais violentas, tem maior número de pessoas nas prisões, maiores níveis de obesidade, de doenças mentais e tem baixa expectativa de vida. Outros pesquisadores descobriram que níveis mais elevados de desigualdade aumentam a segregação e reduzem os resultados educacionais de crianças, jovens e adultos.

Para aqueles que ainda não se convenceram da gravidade do problema da desigualdade, Schwab (2016) cita que entre os 29 riscos globais e as 13 tendências globais identificadas pelo Global Risk Report de 2016, as mais fortes interconexões ocorrem entre a disparidade de renda, de desemprego ou de subemprego e a profunda instabilidade social.

Isso certamente provocará mais ainda o encolhimento da classe média e poderá se transformar-se lentamente em generalizado mal-estar social seguido de abandono democrático, agravando mais ainda os desafios sociais.

Pesquisa e Edição

Jackson Baia

 

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